Oscar deste ano não tem negros entre os atores indicados ao prêmio

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles tem sido criticada pela falta de negros nos filmes selecionados para o Oscar. A presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, a primeira negra a assumir o cargo, concorda com as críticas.

Qual é a cara do Oscar 2015? Dos 20 atores indicados neste ano, todos são brancos. Isso não acontecia desde 1998, quando "Titanic" foi o grande vencedor. Em um país que foi sacudido por conflitos raciais no ano passado, a constatação provocou polêmica e foi tratada com grande destaque na imprensa americana.

Jamal Joseph é professor da Universidade Columbia e, em 2008, foi indicado ao Oscar de Melhor Música pelo filme "O Som do Coração." Ele diz: "A falta de diversidade e de pessoas negras nas indicações este ano foi frustrante. Eu gostaria de dizer chocante, mas o histórico da Academia mostra que o foco são os atores brancos, do sexo masculino, e diretores também brancos. É triste porque não reflete os talentos que temos nem o público", diz ele.

Um levantamento feito em 2012 pelo jornal Los Angeles Times, revelou que, naquele ano, 94% dos jurados do Oscar eram brancos e 77% deles, homens.

Cheryl Boone Isaacs é a primeira negra a presidir a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. ''Eu entendo a revolta que vem de anos de exclusão. Foi um ano muito competitivo. Estamos trabalhando para ampliar a visão dos produtores americanos e também de outros países", ela afirma.

Cheryl lembra que, no ano passado, por exemplo, "12 Anos de Escravidão" ganhou o Oscar de Melhor Filme e Lupita Nyong'o o de melhor atriz coadjuvante.

O cinema é um instrumento poderoso de comunicação. O que a gente vê na tela é o retrato de um momento, de uma sociedade. Andando pelas ruas americanas fica claro que este é um país de imigrantes, de todas as cores e culturas. Então não deveria ser assim também ali na tela?

A reclamação agora em 2015 ficou ainda maior por causa do filme "Selma - Uma Luta pela Igualdade", que mostra a batalha dos negros pelo direito ao voto em 1965. "Selma" foi indicado aos prêmios de melhor filme e melhor música.

Mas Ava Duvernay, que poderia ser a primeira diretora negra indicada a um Oscar, ficou fora da lista assim como o ator David Oyelowo. Ele impressionou no papel de Martin Luther King Jr. Ava afirma: "Ele é britânico e se transformou totalmente, você fica paralisado".

"Fazemos filmes para as pessoas, não para um pequeno grupo, mas para todas as cores e idades. Para mim, o maior prêmio é ver o público descobrindo e redescobrindo o doutor King", diz o ator David Oyelowo, que interpretou Martin Luther King no filme "Selma - Uma Luta pela Igualdade".